Os hospitais privados de Natal voltaram a registrar aumento na procura por atendimento de pacientes com sintomas gripais e suspeita de covid-19, além das arboviroses. Um exemplo desse crescimento foi na noite da última segunda-feira (13), quando três das principais unidades particulares da capital fecharam suas portas de entrada temporariamente.
Um desses hospitais
foi o Rio Grande, localizado no Tirol. O fechamento foi temporário,
informa o diretor geral Luiz Roberto Fonseca, por duas horas. De acordo
com números da diretoria repassados à TN, a procura de atendimento nos
últimos dois meses aumentou em 50%, saindo de média de 300 pacientes/dia
para 450, com o aumento na transmissibilidade de arboviroses, gripe e
incidência de covid. De acordo com o diretor Luiz Roberto Fonseca, 40%
desses pacientes apresentam sintomatologia gripal, e que 70% dos casos
estão apresentando resultado positivo.
“A covid
como qualquer vírus tem períodos de vales e picos. E vamos ter que se
habituar a essa realidade para sempre, porque é um vírus mutante, que
desenvolve cepas com frequência. A partir do fim de maio começamos a
perceber casos de covid e dessa síndrome gripal. E em junho isso está
mais prevalente. A característica é que tem demandado mais pacientes com
pronto-socorro, mas não necessariamente em situação grave nem
precisando de internação”, comenta.
No Rio
Grande, há capacidade para atender 76 leitos de observação clínica, uma
das maiores do Nordeste, segundo o diretor geral Luiz Roberto Fonseca.
Ele aponta ainda que, atualmente, há sete vezes menos pacientes
internados do que nos outros períodos de pico.
“Hoje
temos 10 internados com covid, nove em ótimas condições e um grave. Se
isso não repercute em pressão para internar, repercute na porta. Temos
dois PSs, um adulto e um infantil/obstetra. Somando os dois, atendemos
450 a cada 24h. Nossa estrutura é fixa, não temos como fazer ampliação
da nossa capacidade de porta. Quando a quantidade de pacientes
ultrapassa isso, é inseguro continuar mantendo a porta aberta. O
fechamento é feito para garantir a segurança do paciente e em especial
daquele que já está no hospital”, acrescenta.
Outros
dois hospitais também apresentaram sobrecarga e fecharam suas portas de
forma temporária. O São Lucas, no Tirol, e o Hospital do Coração, em
Lagoa Nova, foram outros exemplos de sobrecarga no sistema de saúde.
“Nós
temos um número muito grande de arboviroses, por causa desse período
chuvoso, que se juntou com os casos de covid e outras infecções
respiratórias. Estamos fazendo cerca de 300 atendimentos por dia e hoje
[terça-feira], temos 97% de ocupação de pacientes. A demanda aumentou de
maneira geral”, informa o diretor médico do Hospital do Coração, Elmano
Marques.
Segundo ele, a procura por
atendimento por causa da covid-19 aumentou mais de 60% nestes primeiros
dias de junho, se comparados com a demanda (em razão do coronavírus) de
todo o mês passado. Também de acordo com Elmano Marques, em maio último
não houve internações por covid no hospital. Nessa terça-feira (14),
havia seis pacientes internados, mas, nenhum deles em estado grave.
Sobre
a suspensão dos atendimentos na segunda-feira, Helmano Marques afirmou
que ela foi necessária até que o hospital tivesse condições de receber
novos pacientes. “ Quando acumula muito paciente, a gente suspende
temporariamente o atendimento, ou então, não temos como acolher as
pessoas”, disse.
Leitos na rede estadual
Em
entrevista à TRIBUNA DO NORTE, a subcoordenadora de vigilância
epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), Diana
Rêgo, confirmou que o Estado já está iniciando o processo para
reabertura de leitos visando o atual quadro epidemiológico.
“Fizemos
reunião para avaliação dos leitos e vamos retomar e reverter alguns
leitos. Até sexta vamos ter reversão e ampliação de leitos para aumentar
essa retaguarda covid no Rio Grande do Norte. “Avaliamos que estamos
iniciando um aumento de casos que já se configura como uma possível
quarta onda”, declarou.
O mais recente Boletim
InfoGripe FioCruz, da Fundação Oswaldo Cruz, mostrou que o Rio Grande
do Norte é um dos 24 estados que apresentam sinal de crescimento na
tendência de longo prazo para casos de covid-19. Entre as capitais,
Natal também figura entre 22 cidades com essa mesma tendência.
O
mesmo boletim apontou que há uma tendência nacional para aumento de
casos de covid. Entre as ocorrências de Síndrome Respiratória Aguda
Grave (SRAG) a 69% dos casos nas últimas semanas foram positivos para
covid. Também em relação ao total de óbitos por vírus respiratórios, o
estudo aponta a mesma propensão, 92,22% foram em decorrência do
Sars-CoV-2 (Covid-19). A análise é referente à Semana Epidemiológica
(SE) 22, de 29 de maio a 4 de junho, que registrou 7,7 (6,9 – 8,6) mil
casos de SRAG no país.
Para a imunologista
Janeusa Trindade Souto, pesquisadora e professora do departamento de
Microbiologia e Parasitologia da UFRN, o atual momento reforça a tese de
que o vírus tem comportamento sazonal, algo que segundo ela, ainda não
está confirmado nas pesquisas. A diferença desse ano para o ano passado,
aponta, seria o avanço da imunização no Estado.
SMS poderá reverter leitos para covid
A
alta demanda pelos serviços de saúde também afeta a rede pública. De
acordo com a Secretaria Saúde de Natal (SMS/Natal), a maior procura nas
unidades do Município por causa da covid-19, ainda não tem reflexo em
alta do número de internações, mas, se isso acontecer, a pasta deverá
reverter leitos para atender à demanda. A reversão ocorrerá, caso
necessário, em instalações do Hospital dos Pescadores, na zona Norte, e
no Hospital de Felipe Camarão, na zona Oeste.
Por
enquanto, 10 leitos no Hospital dos Pescadores estão ocupados com
pacientes infectados pela covid. Não há casos graves, de acordo com o
secretário de Saúde de Natal, George Antunes. “A rede municipal dispõe
da ala no Hospital dos Pescadores [para internações covid] e o número de
leitos pode aumentar de acordo com a demanda. Dez pacientes estão
internados na unidade com a doença e, se houver necessidade, a gente
amplia para ficarmos com 20 leitos”, explicou Antunes.
“Se
ainda assim não resolver, a gente transforma o Hospital de Felipe
Camarão em leitos covid, da mesma forma que o Estado está fazendo no
Giselda Trigueiro – preparando para fazer o remanejamento das
instalações. Em Felipe Camarão, são 28 leitos”, complementou George
Antunes. Segundo o titular da SMS, na última semana, cerca de 30% das
testagens para covid-19 nas Unidades Básicas de Saúde da capital
apresentaram resultado positivo para a doença.
George
Antunes esclarece que o percentual é preocupante, especialmente porque a
capital vive momento propício à disseminação da doença, com a chegada
dos festejos juninos. E, segundo ele, quanto maior o volume de pessoas
infectadas, maior é a probabilidade de casos graves, que podem resultar
em crescimento no número d internações.
Outra
preocupação do secretário é que o aumento de casos provoque o surgimento
de novas variantes, as quais podem impactar na busca por internações.
Além disso, George Antunes ressalta que os serviços de saúde da capital
sofrem pressão, por causa da alta incidência de outras doenças, como
dengue e síndromes gripais.
Um dos hospitais que precisou interromper o atendimento foi o Rio Grande. Segundo o hospital, suspensão durou 2 horas
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